Segundo Julio Fischer, parceiro de Negrão desde "Era Uma Vez..." (1998), o AVC foi classificado como leve pelos médicos, que optaram por internar o autor por precaução, já que ele tivera o mesmo problema no final do ano passado. "Foi um susto. Ainda bem que não teve nenhuma sequela motora ou mental", diz. "A gente tem se reunido com ele. Amanhã [Hoje, 14] vou me encontrar com ele no hospital", conta.
Fischer e executivos da Globo acreditam que o problema de saúde de Walther Negrão não vai prejudicar a novela. "Não vai afetar. Suzana e eu estamos escrevendo e entregando os capítulos. Ele [Negrão] está bem, quer participar", afirma. Segundo Fischer, que pela primeira vez assina como coautor de uma novela, Negrão deu carta branca a ele e Suzana Pires para tocaram os textos. Nos encontros no Einstein, os dois têm discutido aspectos gerais da produção.
"Sol Nascente" está com textos adiantados. Já foram entregues 30 capítulos. Até a estreia, 42 já estarão completamente roteirizados. A frente só não será maior porque Negrão é contra adiantar muito o texto de uma novela. Quer sentir a recepção do público e analisar os atores.
História de amor
A trama central será uma história de amor entre um descendente de italianos, Mario (Gagliasso), e uma filha adotiva de família japonesa, Alice (Giovanna). Os patriarcas das duas famílias se conheceram na Hospedaria do Imigrante, em São Paulo, e se tornaram muito amigos. Mario e Alice cresceram juntos, como amigos. Agora, já maduro, Mario se descobre apaixonado por Alice, mas ela, que gerencia o negócio de pesca do pai, o considera imaturo, não consegue vê-lo como o homem de sua vida.
"Sol Nascente" se desenvolverá a partir desse conflito. Mario terá uma trajetória de crescimento e enfrentará o vilão Cesar (Rafael Cardoso) até Alice descobrir que o que sente por ele é um grande amor.
Sessenta anos de TV
Walther Negrão ingressou na TV ainda nos anos 1950, na primeira década do veículo no Brasil, como ator de teleatros. Em 1958, estreou como autor da Tupi, escrevendo para o programa "Grande Teatro Tupi". Começou a fazer novelas, inicialmente apenas adaptações radiofônicas, em 1964, na Record. Seu primeiro grande sucesso foi em 1968, "Antônio Maria", que escreveu para a Tupi em parceria com Geraldo Vietri. No ano seguinte, a dupla emplacou outra novela memorável, "Nino, o Italianinho". O sucesso chamou a atenção da Globo, que o contratou em 1969, mas ele logo voltou para a Record.
Em sua segunda passagem pela Globo, em 1972, Negrão emplacou seu primeiro grande sucesso na emissora, a novela "O Primeiro Amor", que daria origem ao seriado "Shazan, Xerife & Cia"., estrelado por Paulo José e Flávio Migliaccio, um dos marcos da história da Globo, lembrado na festa dos 50 anos, em 2015.
Em 1975, o autor voltou para a Tupi. Retornou à Globo em 1980. Em 1983, foi bem-sucedido com "Pão-Pão, Beijo-Beijo" e no ano seguinte, com "Livre para Voar". Escreveu "Fera Radical", em 1988, e "Top Model", em 1989, em parceira com Antonio Calmon. Em 1991, adaptou o texto de João Ubaldo Ribeiro para a minissérie "O Sorriso do Lagarto". "Despedida de Solteiro", em 1992, foi um grande sucesso. Mas nada se comparou a "Tropicaliente", em 1994, em que lançou uma marca: as novelas praianas.
Negrão sempre foi afeito a parcerias. Em 2003, por exemplo, dividiu com Maria Adelaide Amaral a minissérie "A Casa das Sete Mulheres". Suas últimas novelas foram "Araguaia", em 2010, que concorreu ao Emmy, e "Flor do Caribe", em 2013.
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