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quinta-feira, 19 de maio de 2016

O começo do fim do monópolio da Rede Globo no futebol

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu analisar a legalidade do monopólio das transmissões do futebol pela Rede Globo, emissora que detém exclusividade dos principais eventos da modalidade.
Mas só agora o Cade abriu essa "investigação"?
A emissora sempre foi a entidade que comanda o futebol no país. Com fidelidade de times, da CBF e da Fifa.
Vi poucas vezes a Globo ser ameaçada de perder direitos importantes nos gramados. Em 1992, perdeu a Libertadores para rede OM (atual CNT). Mas logo retomou tudinho de volta, incluindo o narrador, o Galvão Bueno, que veio de lá.
Ainda na década de 1990, a emissora da família Marinho decidiu dividir as transmissões do Brasileirão, da Copa do Brasil e do Campeonato Paulista com uma concorrente. Isso diminuiria custos. Mas a parceira só poderia exibir os mesmos jogos que a Globo.
Fala sério? Isso segue sendo uma espécie de monopólio. Só uma manda em tudo, só uma dá as cartas.
Com mais dinheiro, anunciantes, melhor equipe, melhores narradores, a Globo tinha toda a oportunidade de massacrar a "sócia" exibindo a mesmíssima partida. SBT e Record chegaram a dividir eventos esportivos com a Globo, mas se rebelaram contra o formato da parceria. Não queriam mais as migalhas do bolo. Queriam uma fatia.
Em 2006 veio a Rede Bandeirantes, que topou o esquema de transmissão da Globo.
Em 2011, Record, e depois, RedeTV!, tentaram comprar o Campeonato Brasileiro com uma oferta generosa. A compra deveria ser feita por meio de uma proposta enviada ao bloco dos principais clubes brasileiros, o Clube dos 13. A rede que oferecesse mais levava, certo?
Não. O Corinthians, o "queridinho" da Globo, deixou o Clube dos 13 alegando que negociaria sozinho seu contrato com a TV. Os demais clubes foram atrás e fecharam com a emissora de sempre. Com a quebra do Clube dos 13, as outras redes desistiram.
Em 2012, a Globo arrumou briga feia com a Fox, que estava lançando a Fox Sports no país, usando a Libertadores (que sempre foi do canal de Rupert Murdoch) como moeda para pressionar operadoras de TV paga a abrirem espaço para os seus novos canais. A Globo estava defendendo os direitos de exclusividade na TV paga da Globosat, mais precisamente do SporTV. Foram meses de pirraça para todos os lados até os grupos se acertarem.
Mas por que investir tantas forças no futebol, se a audiência da modalidade caiu mais de 20% na TV aberta na ultima década? O esporte continua rendendo ibope e bons anunciantes.
Por isso a Globo segue firme nas transmissões, e sozinha.
Em crise financeira, a Band abandonou a parceria. Não tem grana para dividir as transmissões do Brasileirão com a Globo. A Band paga a rede uma cota de cerca de R$ 175 milhões pelo futebol. Só com o Brasileirão, a Globo desembolsa mais de R$ 1 bilhão por ano (custos de transmissão, licenciamento, produção).
Nesse formato atual, exibindo exatamente os mesmos jogos que a Globo, a transmissão do Brasileirão não interessa para as outras emissoras. O mercado está fraco de anunciantes. Para atrair o público é necessária uma divisão de partidas.
Ah, mas tem a TV paga. É. Só que apenas 30% dos domicílios brasileiros possuem TV por assinatura. Os outros 70% só têm como alternativa um canal da TV aberta.
Quem perde com isso são os espectadores, que ficam reféns de horários e dias de jogos impostos por uma única rede. Os times também perdem visibilidade, patrocínios e consequentemente, dinheiro.
A Cade está de olho nessa "solidão" da emissora nas transmissões de futebol. Como também observa atento uma outra pedra no sapato da Globo, o Esporte Interativo. O canal esportivo da Turner deu um olé em todos na compra dos direitos do Campeonato Europeu na TV paga. Depois fechou com 15 times os direitos de transmissão dos jogos do Brasileirão na TV paga, de 2019 a 2024.
Isso atrapalha os planos do canal esportivo da Globosat, o SporTV, que transmitia o Campeonato Brasileiro na TV por assinatura, sozinho.
Será esse o começo do fim do monopólio?









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