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segunda-feira, 18 de abril de 2016

Os riscos da nova fase para "Velho Chico"

Entre o fim de uma novela e a estreia de outra, existe um período que os especialistas chamam de “luto”. Num primeiro momento, há uma evasão: parte do público estranha a novidade; outra parte jura que não vai assistir. Tempos depois, tudo se normaliza e assim é desde os primórdios da televisão. Algo parecido pode acontecer com as tramas divididas em fases, um recurso que vem sendo muito usado ultimamente. Só para citar exemplos recentes, vimos isso em “Em Família”, em “Além do Tempo” e em “Liberdade, Liberdade”. Agora, foi a vez de “Velho Chico”. A virada aconteceu na última segunda-feira. Grande parte do elenco foi trocada e a ação — que começou em 1968 e foi avançando aos pouquinhos — se deslocou para os dias de hoje. O corte gerou inevitáveis comparações. Apegado aos personagens com que conviveu por 24 capítulos, o público busca a sincronia com aquilo a que já foi apresentado. E nem sempre encontra.
A passagem foi marcada por altos e baixos. Para a dramaturgia, funcionou. A guerra que motiva o grande arco dramático da história de Benedito Ruy Barbosa continua sustentando os conflitos e até ganhou corpo. De um lado, está Afrânio (agora Antonio Fagundes - foto acima); do outro, Santo (Domingos Montagner). É o coronelismo contra as ideias de justiça social atravessando as décadas. Mágoas se agravaram e até foram reforçadas.
No caso do elenco, nem tudo transcorreu com essa suavidade. A escalação é, no geral, muito feliz. A primeira fase ganhou com a mistura de figuras raras na TV (Rodrigo Santoro) com profissionais pouco conhecidos, como Julia Dalavia e Renato Góes. A química entre Carol Castro e Santoro também foi boa.
Porém, ainda não deu para sentir a conexão entre o Afrânio de Santoro e o de Fagundes. Embora faça sentido o personagem ter perdido a leveza da juventude e adquirido segurança, há uma disparidade na forma de falar dos atores. São divergências que podem ser suavizadas com ajustes. Outra mudança que promete causar estranheza é a diferença de idade entre Tereza e Santo nas duas fases. A novela, entretanto, é bonita, e merece muito crédito. É caso de acompanhar o que vem.









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