Arroz com feijão da dramaturgia, só que com tempero de mãe

O bom e velho conto de fadas moderno de "Totalmente Demais" convenceu.
A trama das 19h foi o programa mais assistido na TV brasileira na quinta-feira (28), batendo recordes de audiência.
O sequestro de Eliza (Marina Ruy Barbosa na foto acima) e o desfecho de Sofia (Priscila Steiman), a filha psicopata de Germano (Humberto Martins) e Lili (Vivianne Pasmanter), rendeu à novela média de 35 pontos de ibope em São Paulo e 39 pontos no Rio de Janeiro. A trama está em sua reta final.
Desde 2012, a Globo não tinha médias assim na faixa horária.
Para se ter uma ideia do sucesso da novela, "Totalmente Demais" marcou 8 pontos a mais do que "Velho Chico" em São Paulo. O novelão das 21h, com orçamente altíssimo e o intervalo comercial mais caro da TV, está bem atrás do folhetim de 19h. "Velho Chico" registrou ontem 27 pontos em SP.
Qual o segredo do sucesso de "Totalmente Demais"? Nem a Globo sabe explicar. A novela não tem grandes inovações nem estrepolias, mas fez o arroz com feijão da dramaturgia com tempero de mãe. Muito bom.
Não há dúvidas de quem são os mocinhos e os bandidos da história. Príncipe encantado há dois: um mais velho que viu seu coração duro derreter de amor, e um novinho, bem intencionado, mas ainda com pinta de sapo.
A Cinderela, que fazia comercial de shampoo desde os tempos de gata borralheira, é doce, lutadora e boazinha sem ser chata. Isso é raro para as mocinhas. As jovens gostam de Marina. Querem ter o cabelo dela, o jeito dela. E se dobram diante da simplicidade da personagem Eliza. Top Model que chora no colo na mãe ainda.
A bruxa má, não é tão má. Sofre por amor. Sofre por querer ser mãe. Ignora e não vive sem sua família suburbana. E se veste muito bem, muito bem.
Há ainda causas sociais, como a do jovem que ficou paraplégico, a turma moderna e divertida da agência e da revista, e um grande vilão que pode voltar a qualquer momento.
Mérito de um elenco afinado, de direção simples e correta, e de autores e coautores antenados, com tiradas atuais e divertidas.
Se "Totalmente Demais" é mais do mesmo, fazia tempo que a Globo não fazia "o mesmo" tão bem.