RIO - Jô Soares (foto) diz que quer evitar o desgaste de um formato que ele mesmo ajudou a popularizar no Brasil, o talk-show.
— Queria sair de forma digna e não de maneira melancólica. Deixar saudade e não incômodo — afirma o apresentador, aos 78 anos.
A declaração vem a reboque do fim do “Programa do Jô’’. A última temporada da atração, segundo ele acordada com antecedência, estreia na próxima segunda-feira. E deixa a grade definitivamente em dezembro. Na própria segunda, ele entra no estúdio para gravar a primeira entrevista. Depois de enfrentar problemas de saúde que o tiraram do ar por mais de um mês em 2014, Jô diz que volta “tinindo”. Por tinindo leia-se também sem receio de falar de política, assunto que o transformou em alvo de críticas no ano passado. “Agora quero trazer pessoas contra e a favor do impeachment’’, adianta. Há 28 anos à frente de talk-shows, o humorista — que comandou o “Jô Soares Onze e Meia”, no SBT, antes de seguir para a Rede Globo, em 2000 — evita adiantar o que fará a partir do ano que vem. Atualmente, Jô dirige uma peça, prepara um livro e diz que a TV ainda é uma de suas prioridades.
Como foi decidido o encerramento?
Há dois anos, ao renovar meu contrato, conversei com a emissora e concluímos: “Vamos ter que marcar uma data para encerrar o programa”. Achamos que dois anos seria o tempo ideal para não correr o perigo do desgaste. Queria sair de forma digna e não de maneira melancólica. Prefiro deixar saudade do que incômodo. As pessoas falam com carinho até hoje do “Viva o Gordo” (1981-1987), do “Planeta dos Homens” (1976-1982), do “Faça Humor, Não Faça Guerra” (1970-1973). Quero isso para o “Programa do Jô”.
Qual balanço faz dos 28 anos à frente dos talk-shows?
É quase impossível fazer um balanço. Entrevistei personalidades como Fernando Henrique Cardoso, Dom Helder Câmara... Lula foi 13 vezes ao programa, a última às vésperas das eleições. Teve aquela entrevista com a Dilma que causou a maior celeuma (em junho do ano passado). Até o Collor eu entrevistei antes de ele ser presidente. Depois ele que não quis ir mais.
Você sofreu com as críticas de que teria sido pouco contundente ao entrevistar a presidente Dilma Rousseff?
Não vou deixar de entrevistar um presidente em nenhuma circunstância, e não posso ficar abalado por críticas. A função jornalística é trazer fatos e não tomar posição. Por exemplo, agora quero trazer pessoas contra e a favor do impeachment. Mas não tomei partido na entrevista com a Dilma. Fiz as perguntas que tinha que fazer, perguntas duras. Ela foi se safando. Não entrei em debate com ela, não era essa a minha função.
O que o público pode esperar deste último ano do programa? Planeja edições comemorativas?
Vou voltar quente. A situação política do país vai pautar entrevistas. O Brasil passa por uma crise imensa. Nem na época do Collor foi tão grave. E vou trazer ainda convidados que fizeram a história do programa. A única reforma por que passamos foi a diminuição de um bloco de entrevistas nos últimos dois anos. São 28 anos no ar. Quando chegarmos ao fim, serão 15 mil entrevistas.
Vai convidar as pessoas que mais foram ao programa? E as que nunca entrevistou? Quem quer levar?
Estamos levantando os convidados mais frequentes, e o Ziraldo encabeça a lista. Tem várias pessoas que gostaria de entrevistar de novo. Chico Buarque é uma delas. É meu amigo, mas não vou ficar pressionando. Nada pior do que atazanar alguém para ir ao programa.
Uma das críticas ao programa era que você falava mais do que o entrevistado. O que acha disso?
O programa depende muito do convidado e da reação da plateia. Eu só falo quando o convidado não fala. Senão ficaria um programa mudo. Mas claro que me envolvo, sou humano. E procuro agir da forma mais relaxada possível.
Já começou a sentir saudade do “Programa do Jô”?
Saudade não cabe ali. Estou no começo de uma nova temporada. Prefiro deixar saudade nos outros.
Quais são seus projetos profissionais para o ano que vem?
A minha primazia sempre é a TV. E agora estou ocupado e preocupado com o “Programa do Jô”. Gosto muito de uma frase do Pedro Malan: “O futuro tem por ofício ser incerto”.
Pretende descansar antes de começar um novo projeto na TV?
Para mim, sabático não é um ano, é você descansar aos sábados (risos).
O que pode adiantar sobre o livro que está escrevendo?
É um livro muito ligado a política. E diante do que está acontecendo agora terei que dar uma guinada na história.
Você também está envolvido com uma nova peça...
Estou dirigindo “Histeria”, do inglês Terry Johnson, que trata do encontro entre Salvador Dalí e Freud em 1938. Também vou dirigir uma peça de Shakespeare, “Troilo e Créssida”.
Em 2014, você passou três semanas internado por conta de uma pneumonia que resultou numa septicemia. Como está a sua saúde agora?
Volto tinindo. Aquele foi um ano pesado. Além do problema de saúde, perdi um filho (Rafael Austregésilo Soares, aos 50 anos, em outubro de 2014). Posso dizer que este ano já está sendo muito melhor.
Você completou 78 anos em janeiro. A idade pesa de alguma forma?
Não perco tempo pensando nisso. Mas claro que espero fazer 79 anos.
A declaração vem a reboque do fim do “Programa do Jô’’. A última temporada da atração, segundo ele acordada com antecedência, estreia na próxima segunda-feira. E deixa a grade definitivamente em dezembro. Na própria segunda, ele entra no estúdio para gravar a primeira entrevista. Depois de enfrentar problemas de saúde que o tiraram do ar por mais de um mês em 2014, Jô diz que volta “tinindo”. Por tinindo leia-se também sem receio de falar de política, assunto que o transformou em alvo de críticas no ano passado. “Agora quero trazer pessoas contra e a favor do impeachment’’, adianta. Há 28 anos à frente de talk-shows, o humorista — que comandou o “Jô Soares Onze e Meia”, no SBT, antes de seguir para a Rede Globo, em 2000 — evita adiantar o que fará a partir do ano que vem. Atualmente, Jô dirige uma peça, prepara um livro e diz que a TV ainda é uma de suas prioridades.
Como foi decidido o encerramento?
Há dois anos, ao renovar meu contrato, conversei com a emissora e concluímos: “Vamos ter que marcar uma data para encerrar o programa”. Achamos que dois anos seria o tempo ideal para não correr o perigo do desgaste. Queria sair de forma digna e não de maneira melancólica. Prefiro deixar saudade do que incômodo. As pessoas falam com carinho até hoje do “Viva o Gordo” (1981-1987), do “Planeta dos Homens” (1976-1982), do “Faça Humor, Não Faça Guerra” (1970-1973). Quero isso para o “Programa do Jô”.
Qual balanço faz dos 28 anos à frente dos talk-shows?
É quase impossível fazer um balanço. Entrevistei personalidades como Fernando Henrique Cardoso, Dom Helder Câmara... Lula foi 13 vezes ao programa, a última às vésperas das eleições. Teve aquela entrevista com a Dilma que causou a maior celeuma (em junho do ano passado). Até o Collor eu entrevistei antes de ele ser presidente. Depois ele que não quis ir mais.
Você sofreu com as críticas de que teria sido pouco contundente ao entrevistar a presidente Dilma Rousseff?
Não vou deixar de entrevistar um presidente em nenhuma circunstância, e não posso ficar abalado por críticas. A função jornalística é trazer fatos e não tomar posição. Por exemplo, agora quero trazer pessoas contra e a favor do impeachment. Mas não tomei partido na entrevista com a Dilma. Fiz as perguntas que tinha que fazer, perguntas duras. Ela foi se safando. Não entrei em debate com ela, não era essa a minha função.
O que o público pode esperar deste último ano do programa? Planeja edições comemorativas?
Vou voltar quente. A situação política do país vai pautar entrevistas. O Brasil passa por uma crise imensa. Nem na época do Collor foi tão grave. E vou trazer ainda convidados que fizeram a história do programa. A única reforma por que passamos foi a diminuição de um bloco de entrevistas nos últimos dois anos. São 28 anos no ar. Quando chegarmos ao fim, serão 15 mil entrevistas.
Vai convidar as pessoas que mais foram ao programa? E as que nunca entrevistou? Quem quer levar?
Estamos levantando os convidados mais frequentes, e o Ziraldo encabeça a lista. Tem várias pessoas que gostaria de entrevistar de novo. Chico Buarque é uma delas. É meu amigo, mas não vou ficar pressionando. Nada pior do que atazanar alguém para ir ao programa.
Uma das críticas ao programa era que você falava mais do que o entrevistado. O que acha disso?
O programa depende muito do convidado e da reação da plateia. Eu só falo quando o convidado não fala. Senão ficaria um programa mudo. Mas claro que me envolvo, sou humano. E procuro agir da forma mais relaxada possível.
Já começou a sentir saudade do “Programa do Jô”?
Saudade não cabe ali. Estou no começo de uma nova temporada. Prefiro deixar saudade nos outros.
Quais são seus projetos profissionais para o ano que vem?
A minha primazia sempre é a TV. E agora estou ocupado e preocupado com o “Programa do Jô”. Gosto muito de uma frase do Pedro Malan: “O futuro tem por ofício ser incerto”.
Pretende descansar antes de começar um novo projeto na TV?
Para mim, sabático não é um ano, é você descansar aos sábados (risos).
O que pode adiantar sobre o livro que está escrevendo?
É um livro muito ligado a política. E diante do que está acontecendo agora terei que dar uma guinada na história.
Estou dirigindo “Histeria”, do inglês Terry Johnson, que trata do encontro entre Salvador Dalí e Freud em 1938. Também vou dirigir uma peça de Shakespeare, “Troilo e Créssida”.
Em 2014, você passou três semanas internado por conta de uma pneumonia que resultou numa septicemia. Como está a sua saúde agora?
Volto tinindo. Aquele foi um ano pesado. Além do problema de saúde, perdi um filho (Rafael Austregésilo Soares, aos 50 anos, em outubro de 2014). Posso dizer que este ano já está sendo muito melhor.
Você completou 78 anos em janeiro. A idade pesa de alguma forma?
Não perco tempo pensando nisso. Mas claro que espero fazer 79 anos.
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