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domingo, 24 de janeiro de 2016

"Tá no Ar": na nova temporada, o frescor se mantém

Quando estreou, em abril de 2014, o “Tá no Ar: a TV na TV” fez barulho por tocar em assuntos que tinham se tornado tabus em humorísticos da Rede Globo. Havia uma dose de charmosa iconoclastia especialmente no personagem militante pernambucano (Marcelo Adnet na foto acima). Todas as teorias da conspiração possíveis estavam na boca dele, na tela da emissora. A surpresa potencializava a graça. Era impossível não rir daquilo. Mas na terceira temporada (estreou na última terça-feira) o personagem manteria o apelo? A resposta para a pergunta é sim.
Aliás, isso vale para o programa como um todo. Em alguma medida, o “Tá no Ar” é um herdeiro do “Casseta & Planeta”. Isso fica bem evidente nas paródias musicais (esta semana, brincaram com “O que é, o que é?”, de Gonzaguinha). Ou na propaganda de produtos que só existem na imaginação, como o “propinocard”, “para roubar com classe, inteligência e exclusivo plano de pilhagem”. Quem vai negar que as Organizações Tabajara são o pai desse cartão de crédito? No entanto, o programa de Marcius Melhem, Marcelo Adnet e Maurício Farias tem méritos próprios e eles não são poucos.
A narrativa clipada, que simula o zapeamento, é bem conduzida. Os quadros se encadeiam com inteligência, as interrupções funcionam a favor do ritmo, as piadas não se arrastam. Na estreia, foi graças a esse recurso que o militante fez rir logo de cara. Ele surgiu depois de um esquete com Marcelo Adnet, anunciando um aplicativo de táxi “para relembrar 1989”. Ele serviria àqueles que desejam andar de Brasília, com refrigeração vinda de um quebra-vento. No que, zás, entra o militante, dizendo: “Eu ouvi 89? Vão me cortar como fizeram com o Lula?” (numa alusão ao debate com Collor).
O elenco tem brilho, o texto é espirituoso e cheio de referências para o bom entendedor, mas sem perder a mira no que é popular. Mas o grande pulo do gato é a inteligência no encadeamento. Além da ordem estudada dos quadros e do diálogo entre eles, há sempre um ou dois de mais fôlego, atravessando o programa. Na estreia foi a imitação de João Klébber com o mistério “o que tem na caixa?”. Muito engraçado.






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