A criação da programadora está sendo bombardeada no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão do governo federal que avalia as fusões de companhias. Grandes rivais da TV por assinatura, como Sky e Net, adotaram o mesmo discurso: a aprovação da joint venture irá levar à "ocorrência de condutas abusivas" e "anticompetitivas" e encarecerá a TV paga para o consumidor.
Record, SBT e RedeTV!, são responsáveis por 16% da audiência do cabo e da TV via satélite. Elas terão mais força se negociarem juntas seus sinais. Hoje, suas programações são cedidas gratuitamente às operadoras. A nova legislação permite que as emissoras cobrem pelos sinais digitais. A Globo já faz isso.
"Não é justo as multinacionais pagarem para empresas estrangeiras, como HBO e Discovery, e não pagarem para a gente, que gera milhares de empregos e arrecada impostos no Brasil. Não é justo o assinante pagar pela programação e não darem um centavo para a gente, que investe na produção de 15, 16 horas de conteúdo por dia", diz Dallevo. É a primeira vez que um executivo das três redes fala sobre o processo de criação da joint venture.
O sócio-proprietário da TV também refuta o argumento das operadoras de que as três emissoras juntas irão praticar preços abusivos. "Não queremos brigar com ninguém. Queremos apenas sentar na mesa e cobrar um preço justo". Dallevo justifica a formação da programadora porque Record, SBT e RedeTV! não possuem expertise na venda de conteúdo para a TV paga.
O executivo defende que a joint venture das três redes e a cobrança pelo sinal digital delas irão "melhorar a comunicação no país". "Com o dinheiro, vamos investir mais em jornalismo e dramaturgia", promete. Consequentemente, o espaço ocupado por igrejas irá diminuir, diz.
Dallevo faz uma conta que ilustra bem o que está em jogo. Segundo ele, uma das grandes operadoras de TV paga do país faturou R$ 10 bilhões e lucrou R$ 3,3 bilhões em 2013. Se ela pagasse R$ 5 por assinante pelos sinais de SBT, Record e RedeTV!, teria uma despesa anual de R$ 360 milhões. Seu lucro cairia pouco mais de 10%, mas a operação geraria às emissoras uma receita maior do que todo o faturamento anual da RedeTV!.
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