Boechat entra nesta história, cheia de detalhes obscuros e lances sórdidos, devido a sua amizade com o conhecido lobista carioca Paulo Marinho, que era assessor de Dantas e bandeou-se para o lado do empresário Nelson Tanure, homem de múltiplos negócios nebulosos e hoje também dono do tradicional Jornal do Brasil. Tanure, segundo Veja, passou a defender os interesses da TIM contra o Opportunity.
Detalhes dessa negociação aparecem em trechos de três gravações transcritas pela revista, uma das quais apanha Boechat discutindo com Marinho uma matéria que publicaria no Globo no dia seguinte, prejudicial ao Opportunity. Leu a matéria inteira neste telefonema e ouviu, segundo a transcrição, Marinho lhe dizer que ela estava direito. A matéria antecipava uma decisão de Dantas de destituir os representantes dos fundos nas duas celulares, o que de fato aconteceu e a Justiça forçou-o a voltar atrás.
A revista também fala de uma outra gravação, entre Tanure e Boechat, na qual o jornalista supostamente orientava o empresário sobre como se apresentar a uma reunião com João Roberto Marinho, um dos três irmãos herdeiros das Organizações Globo.
Ouvido pelo JB, Boechat afirmou que se sentia "derrotado, prostrado". "Reconheço que posso ter dito coisas impróprias", argumenta o jornalista, "mas resta o fato, indesmentível, que minha reportagem estava certa".
A decisão de demitir o titular da coluna mais lida de O Globo foi difícil mas unânime. Difícil porque Ricardo Boechat é um dos jornalistas mais respeitados do Brasil. Unânime porque os responsáveis pelo jornalismo das Organizações Globo concordaram que a conduta de Boechat, no telefonema a Paulo Marinho, estava fora das normas do código de ética da empresa. Para eles, o colunista não poderia ter lido para Marinho a reportagem que publicaria no dia seguinte em O Globo e tampouco deveria ter discutido com ele procedimentos internos do jornal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário