Silvio Luiz é um dos grandes narradores esportivos brasileiros e o mais original deles. Além de "pelas barbas do profeta", criou outro bordão memorável: "Pelo amor dos meus filhinhos", hoje atualizado para "Pelo amor dos meus netinhos", para comentar jogadas desastrosas. Nos anos 1970 e 1980, dominou as transmissões com um jeito singular de narrar gols da seleção: "Ééééé... mais um gol brasileiro, meu povo. Enche o peito, solte o grito da garganta e confira comigo no replay. Foi, foi, foi ele! [Nome do jogador], o craque da camisa número [número]".
Ex-árbitro de futebol, Silvio Luiz revela que muitas de suas expressões, como "mandar um sapato" e "meter o bambu", vieram das partidas que apitou. Silvio Luiz também foi radioator. Entrou para o universo do rádio e da TV acompanhando a mãe, locutora. "Para cabular estudo, eu ia pra rádio onde ela trabalhava", lembra.
Na entrevista a Antonio Tabet, Silvio Luiz diz que jogo bom, para ele, é jogo ruim. "Quanto pior o jogo, melhor pra mim, porque eu me divirto, começo a pegar no pé dos caras. Se tiver um diretor de televisão bom, que mostre os torcedores na arquibancada, aí eu fico perguntando o preço do pastel, se o cara tem uma sogra com o calcanhar rachado", conta.
O "Show do Kibe" é um talk show que só
entrevistou comediantes em sua primeira temporada. Silvio Luiz abre a
entrevista recusando o rótulo. "É a segunda vez que os caras acham que
sou engraçado. Não [sou engraçado]. Eu sou um cara natural", defende.
"Sou um cara sarcástico, gozador, faço piada de tudo". O
locutor reconhece sua influência na nova geração de jornalistas
esportivos da TV. "Ele pegou um pedacinho da minha linha", diz, sobre
Tiago Leifert, da TV Globo.
No programa, o narrador confessa que
torceu contra o Brasil na Copa de 2014. Diz que temia que uma eventual
vitória servisse para acobertar "problemas difíceis", como ocorreu no
Mundial de 1970, durante a Ditadura Militar (1964-1985). "Se a gente
ganhasse essa Copa aqui, em casa, os problemas difíceis seriam
acobertados", aposta. Mas os 7 a 1 da Alemanha não doeram? "Eu dei
risada", responde.
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