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quinta-feira, 23 de abril de 2015

Roberto Talma, diretor e produtor, morre aos 65 anos no Rio de Janeiro

O diretor e produtor da TV Globo Roberto Talma (foto) morreu na madrugada desta quinta-feira (23) aos 65 anos, informou o Hospital Samaritano, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ele morreu às 2h por falência múltipla dos órgãos decorrente de insuficiência renal. Roberto Talma deixa três filhos.
A informação foi confirmada pela atriz Maria Zilda, que é ex-companheira do diretor — eles foram casados por nove anos. "Como profissional todo mundo viu o que o Talma fez. Ele começou praticamente quando a TV Globo começou. Fez muitas coisas, inovou muito a linguagem nas telenovelas principalmente, nos musicais. Era uma pessoa muito talentosa. Brilhante, brilhante, brilhante... Brotavam na cabeça dele sem parar ideias boas, e que ele executava, divinamente", disse Maria Zilda, em entrevista ao "Bom Dia Rio".
O velório de Talma acontecerá no próximo sábado (25), a partir das 11h, no Memorial do Carmo, no Caju, Zona Portuária do Rio de Janeiro. A cremação acontecerá no mesmo dia, às 15h, em cerimônia reservada à família.

Biografia

Roberto Talma foi coordenador de programação na TV Rio, depois trabalhou na TV Excelsior e na TV Tupi, até entrar na Rede Globo em 1969.

Na Globo, foi diretor de muitas novelas de sucesso como “Saramandaia”, a segunda versão das novelas “O Astro” e “Gabriela”, além de ser o responsável por minisséries como “Anos Dourados”, “Anos Rebeldes” e “Os Maias”, e programas como “Você Decide”, “Armação Ilimitada”, “Malhação” e “Sítio do Pica Pau Amarelo”.
Roberto Talma Vieira faria 66 anos no próximo dia 29 de abril. Ele nasceu em 1949, em São Paulo. Sua família era proprietária de um circo no interior do estado. A mãe era bailarina e o pai trabalhou na televisão e foi coordenador de programação da TV Rio.
Talma começou a carreira profissional aos 9 anos, na TV Record, integrando um grupo de sapateado que se apresentava no programa "A Grande Gincana Kibon". Naquela emissora, conheceu o diretor Nilton Travesso, de quem ficaria amigo e com quem trabalharia, anos depois, na Globo, na edição dos primeiros videoclipes do "Fantástico".
No início da década de 1960, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde conheceu Walter Clark, diretor da TV Rio. Por intermédio do executivo, trabalhou durante algum tempo na antiga emissora, passando também pela TV Excelsior e pela TV Tupi, até ser contratado pela Globo, no dia 1º de abril de 1969. Nessa época, além do trabalho na televisão, Talma também fazia incursões na música e no teatro, apresentando-se com um conjunto musical e atuando em algumas peças.

Na Globo, começou como operador de videoteipe, participando do núcleo de jornalismo da emissora, em telejornais como o "Jornal Nacional", o "Jornal Hoje" e o "Jornal da Globo". Também fez parte da primeira equipe do Fantástico, em 1973, e editou programas como o "Globo Repórter" e, na linha de shows, o "Globo de Ouro".
Ainda no início da década de 1970, foi transferido para o núcleo de dramaturgia, onde passou a editar e a trabalhar com o diretor Daniel Filho. Em 1972 deixou a emissora por seis meses para trabalhar na TV Tupi, em São Paulo. Seu retorno se deu na novela "Selva de pedra" (1972), de Janete Clair, dirigida por Walter Avancini. A parceria entre os dois duraria oito anos, e Talma atuaria como editor, assistente de direção e codiretor.
Nesta época, Talma também codirigiu novelas com Paulo Ubiratan. Em 1975, foi convocado por Walter Avancini para ser o diretor principal de "O grito", de Jorge Andrade.

Em 1976, logo depois de dirigir "Saramandaia", de Dias Gomes, voltou a deixar a Globo, para voltar a TV Tupi. Durante 11 meses dividiu com Gilberto Motta a direção do programa "São Paulo, túmulo do samba" (1977), espécie de documentário musical escrito por José Ramos Tinhorão, sob a supervisão de Maurício Sherman. O retorno à Globo o levou a ser diretor de shows no Fantástico, ficando responsável pela produção e direção dos clipes musicais semanalmente apresentados no programa.
No final dos anos 1970, transferiu-se para a TV Bandeirantes, onde dirigiu o programa "Rosa e Azul", com Débora Duarte e Antônio Marcos. Seis meses depois, convocado por Walter Avancini para dirigir a novela "Pai Herói" (1979), de Janete Clair, e "Água Viva" (1980), de Gilberto Braga, voltou à Globo. Em ambas ocasiões trabalhou ao lado de Paulo Ubiratan, com quem dividiria a direção de várias novelas de grande sucesso na década de 1980, como "Coração Alado" (1980), de Janete Clair; "Baila Comigo" (1981), de Manoel Carlos; e "Jogo da Vida" (1981), de Silvio de Abreu. Roberto Talma e Paulo Ubiratan também foram os responsáveis pela preparação de dois novos diretores da Globo, Guel Arraes e Jorge Fernando, que trabalharam como seus assistentes em novelas como "Sétimo Ssentido" (1982), de Janete Clair, e "Sol de Verão" (1982), de Manoel Carlos.
Em 1982, trabalhou novamente na TV Bandeirantes, onde foi produtor de tramas como "Campeão" (1982), de Jaime Camargo e Marcos Caruso; e "Braço de Ferro" (1983), de Marcos Caruso. Voltou para a Globo, em seguida, assumindo o cargo de diretor executivo da Central Globo de Produção. Foi responsável pela criação de seriados como "Armação Ilimitada" (1985) e "Tarcísio & Glória" (1989) e das minisséries "Anos Dourados" (1986), de Gilberto Braga; "Sampa" (1989), de Gianfrancesco Guarnieri; "Boca do Lixo" (1990), de Silvio de Abreu; e "O Sorriso do Lagarto" (1991), de Walther Negrão e Geraldo Carneiro.
Como diretor executivo, cuidou de novelas como "Brega & Chique" (1987) e "Que Rei Sou Eu?" (1989), ambas de Cassiano Gabus Mendes; "Rainha da Sucata" (1990), de Silvio de Abreu; e "De corpo e Alma" (1992), de Gloria Perez. Na década de 1990, foi responsável por diversos "Casos Especiais" e episódios do interativo "Você Decide" (1992), além do humorístico "Casseta e Planeta, Urgente!" (1994) e da criação do seriado infanto-juvenil "Malhação" (1995). Em 1992, quando já contava mais de 30 anos de carreira, dirigiu a novela "Perigosas Peruas", de Carlos Lombardi, na qual também atuou, pela primeira vez, como diretor artístico. No ano seguinte, desempenharia essa função na novela "Renascer", de Benedito Ruy Barbosa.
Talma deixou a Globo em 1995 para se dedicar a projetos pessoais, que incluíam a criação de uma produtora independente. Voltou quatro anos depois, quando assumiu o núcleo de programas infantis da Central Globo de Produção. Cuidou de atrações como "Gente Inocente" (1999), "Flora Encantada" (1999), "Bambuluá" (2000) e a segunda versão do "Sítio do Picapau Amarelo" (2001). Sob sua responsabilidade também estiveram diversos programas de outras linhas da emissora, como o "Domingão do Faustão", o "Fantástico" e o programa "Linha Direta", criado em 1999.
A partir de meados da década de 1980, passou a dirigir inúmeras atrações especiais da linha de shows da Globo. Comandou o programa em homenagem aos 60 anos do maestro Tom Jobim, "Antonio, o Brasileiro" (1987), que recebeu o Grande Prêmio na 30ª edição do Festival Internacional do Filme e Televisão de Nova York.
Em outubro de 2002, o diretor teve um infarto e foi internado às pressas em uma clínica de Botafogo, no Rio de Janeiro. Não ficou muito tempo afastado da televisão. Menos de dois meses depois, assinava a direção-geral do especial de fim de ano com o cantor Roberto Carlos. Em 2004, fez uma participação especial na novela "Celebridade", de Gilberto Braga. No teatro, em 2006, dirigiu as atrizes Maitê Proença e Clarice Derziê na peça "Achadas e perdidas", baseada no livro "Os ossos e a escritura", da própria Maitê Proença.



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