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segunda-feira, 7 de julho de 2014

Manoel Carlos diz em entrevista que as pessoas têm o direito de não gostar da novela "Em Família"

A coluna muito se orgulha do entrevistado desta semana. Do alto de seus 81 anos, Manoel Carlos (foto) é um consagrado dramaturgo, autor de sucessos como "Por Amor" (1997) e "Laços de Família" (2000), além da minissérie ‘Presença de Anita’ (2001). Maneco, como carinhosamente é chamado pelos amigos, encerra em breve mais uma de suas histórias: "Em Família". E, pela primeira vez, uma novela de sua autoria é rejeitada pelo público. Quando solicitamos a entrevista, esperávamos um ‘não’ como resposta. Mas a função do jornalista é perguntar. E Maneco disse ‘sim’. O autor não fugiu de nenhuma pergunta e encarou de frente todos os questionamentos propostos. Na entrevista a seguir, ele diz que os telespectadores têm o direito de não gostarem de uma novela e revela que o diretor Jayme Monjardim teve que se afastar da trama porque foi submetido a duas cirurgias. Com vocês… Maneco! 

Qual a avaliação que o senhor faz da novela "Em Família"?
Uma boa novela. Bem dentro do padrão de todos os meus trabalhos anteriores: textos longos, conflitos familiares, principalmente entre pais e filhos.


Segundo o jornalista Ricardo Feltrin, da Folha de São Paulo, a novela "Em Família" perdeu 1,5 milhão de pessoas que desligam a TV na hora da novela. É a pior média de novela das 21h da história da emissora. Na sua opinião, a que isso se deve?
Estou lendo esses dados pela primeira vez. Se forem verdadeiros, essa perda de 1,5 milhão de pessoas deve-se ao fato dessas pessoas não gostarem da novela. As pessoas têm o direito de não gostarem.


A audiência foi abaixo do esperado. O setor de publicidade da Rede Globo prometeu ao mercado um aumento de 5 pontos com a estreia de "Império". Por que "Em Família" não caiu no gosto popular?
Talvez por não ser mesmo popular. Afinal, uma novela que coloca, às 21 horas, Villa-Lobos, Chopin e Debussy, além de mostrar exposição de fotos, de artes plásticas e de teatro, não está aguardando um grande sucesso popular. Mas quem viu a novela todas as noites sempre se beneficiou do que viu e do que ouviu. Isso é gratificante.


Fazendo uma avaliação geral, o senhor foi poupado das críticas, coisa que não acontece, por exemplo, com Gloria Perez. O senhor acha que a imprensa gosta do senhor por conta da sua história na televisão brasileira?
Não me senti poupado. Nem deveria ser, já que o autor é um dos principais responsáveis por uma novela. Se é verdade que fui poupado, agradeço.


A diferença de idade entre alguns personagens, como mãe e filhas, foi um erro?
Em todas as novelas essas anomalias existem. Isso só se dá importância no Brasil. O que vale é o ator convencer com o seu trabalho o que se propõe a fazer. A idade verdadeira não interessa, a menos que ele seja um canastrão. Eu tinha um elenco primoroso, com bons atores e boas atrizes.


Os problemas criados por Gabriel Braga Nunes afetaram o desenvolvimento da trama?
Acredite: desconheço qualquer problema com o Gabriel, um excelente ator e ótimo companheiro. Um profissional de primeira qualidade. Ele é discreto, sóbrio, não se manifesta festivamente. Talvez tenha sido visto como antipático. Ele não só não afetou o desenvolvimento da trama como ajudou muito a melhorá-la. A contribuição dele foi incrível.


Houve alguma recomendação da Globo sobre beijo gay?
Nenhuma. Tive a liberdade de escrever como eu achava que devia ser.


O público não aceitou o casal formado pelos atores Gabriel Braga Nunes e Bruna Marquezine. O senhor tem alguma explicação para esta rejeição?
Eu nunca senti essa rejeição. Certamente haverá quem não goste do casal, mas não há nenhuma unanimidade nisso. Muita gente gosta, aprova e me pede para deixá-los juntos no final. Os dois formam um lindo casal, com química.


A ausência de Jayme Monjardim na gravação das cenas pode ter afetado a realização das sequências?
Tenho que lhe dizer que muitas dessas afirmações que estou ouvindo, ouço pela primeira vez. O Jayme jamais deixou as gravações, exceto quando se afastou a conselho médico, por causa de uma grave sinusite, o que o levou a ser operado duas vezes em menos de um mês. A recomendação foi para que ele evitasse a permanência no estúdio por algum tempo, já que o ar refrigerado naquela área é muito forte.


Qual será seu próximo trabalho?
Não sei ainda. Por enquanto quero férias, viajar, visitar meus filhos que vivem fora do Brasil. Depois, quando voltar, verei o que devo fazer. Mas não será este ano.


A TV aberta mudou muito de uns anos pra cá. O que o público quer ver hoje nas novelas?
Boas histórias, bem contadas.


O fato de a novela ter sido encurtada duas vezes irritou o senhor?
A questão está mal colocada. Fiz a novela para que ela tivesse no máximo 150 capítulos. Esse meu desejo está em todas as entrevistas que eu dei antes da estreia. A TV Globo me atendeu. Mas para ajustar as datas, foi preciso mudar de 150 para 147. Achei ótimo. Depois, por conta da Copa e do lançamento da nova programação, foi antecipada em uma semana. Ainda fiquei mais feliz.


Qual foi a Helena mais memorável?
Lilian Lemmertz.


Uma vez, Maitê Proença me disse em entrevista que a Helena de "Felicidade", que ela interpretou, foi a melhor de todas. E na sua avaliação, qual foi a melhor Helena?
O que a Maitê diz, todas as outras dizem também a respeito de suas Helenas. Não tenho preferência porque todas as Helenas seguiram caminhos próprios, adequados e ajustados a elas. Mesmo a Regina (Duarte), que fez três Helenas, apresentou sempre um trabalho que não se repetia.



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