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domingo, 27 de julho de 2014

Cinquentões têm "relação selvagem" em série da TV Globo para a TV paga

Primeira produção de TV paga gestada na TV Globo, "Animal" é uma série estranha. A começar pelo tema original na TV: o protagonista, um biólogo famoso interpretado por Edson Celulari (foto acima junto com Cristiana Oliveira), 56 anos, sofre de uma doença hereditária, rara e degenerativa, a teriantropia, uma esquizofrenia que o faz acreditar ser um animal. Ele não chega a se transformar em um puma, mas pode agir (e matar) como um, e tem olfato, audição e visão aguçados.
Segundo, porque a história se desenrola em um lugar mais sinistro ainda, com rituais religiosos secretos, auto-açoitamento e uma seita em que 20 mulheres virgens esperam no alto de um morro a chegada de um disco voador com marcianos que irão engravidá-las. Tudo isso em um cenário natural sombrio, que reforça o clima de suspense, captado com ousados movimentos de câmera, graças ao uso de drones e GoPros.
O doutor em psicologia evolucionista João Paulo Gil, o personagem de Celulari, vai até uma pequena cidade, a fictíca Monte Alegre (na real, Minas de Camaquã, no Rio Grande do Sul), em busca de seis cadernos que registram as pesquisas de seu pai pela cura da doença. Perto dos 55 anos, Gil acredita que tem pouco tempo de vida. Mas, assim como seu pai, corre risco de morrer assassinado.

Crimes estranhos

A prefeita e ex-delegada da cidade, interpretada por Cristiana Oliveira, 50, se apaixona logo de cara por Gil. Ele a rejeitará, para "protegê-la", pois pode ter uma reação animalesca durante o sexo e até matá-la. O clipe promocional de Animal, no entanto, mostra que ela vencerá a barreira. Os dois aparecem transando. Os dois também surgem se confrontando, numa relação de gato e rato. Em uma cena, ela aponta uma arma para ele.
A chegada de João Paulo Gil a Monte Alegre desencadeará uma série de crimes e acontecimentos anormais. Ele logo sofrerá atentados a tiros e demonstrações explícitas de inospitalidade. Fugiu do lugar 50 anos antes, quando seu pai foi assassinado. A necessidade de busca da cura, no entanto, o faz correr riscos e se envolver na investigação desses crimes.
Num diálogo, a prefeita Mariana (Cristiana Oliveira, em ótima forma), define o contexto: com cerca de 200 habitantes, o lugar foi povoado por duas famílias que se casam entre si há cem anos: "O resultado é que acontece muita coisa louca", diz.
Animal traz para as produções nacionais de TV por assinatura um certo "padrão HBO". É original e bem feita e não economiza em sexo e violência. Há cadáveres mutilados. E sexo selvagem ao ar livre.
No ar no canal GNT a partir de 6 de agosto, "Animal" foi escrita e dirigida pelo cineasta Paulo Nascimento ("A Oeste do Fim do Mundo"). Nascimento é roteirista contratado da TV Globo. É o primeiro contemplado de uma nova área da emissora que cuida especificamente do desenvolvimento de produtos para a TV por assinatura, liderada por Guilherme Bokel.

Novos talentos

A ideia é usar talentos, como jovens autores e diretores da Globo, e testá-los nos canais da Globosat, principalmente o GNT e o Multishow. O próximo projeto será a série "A Idade Perigosa", a ser dirigida pela atriz Leandra Leal. Pelo processo, a Globo cria o produto, o canal da Globosat paga e uma produtora independente executa. Cada episódio de "Animal" custou R$ 390 mil ao GNT.
Nascimento diz que rodou a série, muitas vezes em locações em que o sinal de celular não chega, em uma "forma artesanal". Todas as tomadas foram feitas com uma câmera só, tal qual no cinema. Ele conta que pensou em Edson Celulari antes mesmo de desenvolver totalmente o personagem dele. "O Edson tem cara de puma", justifica. Celulari retribui: "A gente passa toda a carreira procurando bons personagens. Esse foi um encontro raro", diz.


 

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