"Okay Pessoal", nova atração de Otávio Mesquita, é remédio ideal contra a insônia

Antes de mais nada, é preciso reconhecer: Otávio Mesquita (foto) tem história na televisão. Acordou famosos, se arriscou na cobertura de festas e em programas de auditório no SBT e na TV Bandeirantes. É compreensível, portanto, que tenha voltado à emissora de Silvio Santos alardeando novidades. Ocorre que o "Okay Pessoal" nada mais é que o antigo "Claquete", da Bandeirantes, com cenário mais caprichado. O apresentador incorreu no mesmo erro do "Fantástico": caprichou na embalagem e esqueceu do conteúdo. A impressão é que tudo é um combo do que já foi visto anteriormente. Do modo de editar reportagens à abordagem de palco. Utilizar uma câmera voadora ou exibir um painel de artista plástico badalado na cenografia não é sinal de sofisticação, apenas de dinheiro gasto. Se o modo como se faz o trabalho segue o mesmo há anos, não há modernidade, há repetição pura e simples.
Foram longos minutos para apresentar um drone, um carro indiano, um telão ultra tecnológico. Até ao banho levou uma câmera dizendo que nenhum apresentador se arriscaria a fazer isso. Ao chegar na sede do SBT, posou para a tela com olhar de quem relembra tudo o que já viveu por lá. Em suma, o "Okay Pessoal" é um programa apresentado por Otávio Mesquita sobre Otávio Mesquita, que, aliás, fez questão de ressaltar que atração é "moderna e divertida" antes mesmo de mostrar a que veio. Até mesmo uma de suas personagens, Tábata, fez questão de salientar que, apesar de mais maduro, ele segue um "gostoso". Esta figura, aliás, que se propõe ombudsman da programação do SBT pouco diz a que veio, a não ser entregar piadas de péssimo gosto relativas a sexualidade alheia. Aliás, se a função de Tábata é criticar televisão, não há porque discorrer sobre o uso do instagram e suas fotos bizarras. Falta foco e, acima de tudo, falta roteiro. Um figurino colorido não faz a graça acontecer sozinha.
Entre as reportagens exibidas, estavam um passeio pelo mercado de peixes do Ceagesp e um baile da terceira idade. Em todos, tentando fazer a pauta interessante, o apresentador surge fazendo caras e bocas. E outra, o mundo já longamente explorado dos dublês foi retratado. Para arrematar, um vídeo já disponível na internet, recurso utilizado à exaustão na TV brasileira, foi exibido. Não funcionou. Deu sono. De interessante entre as matérias, somente a última, sobre arte de rua em São Paulo. Na apresentação Otávio chegou a brincar que iriam dormir com ele. Se depender do conteúdo mostrado na estreia, vai mesmo. "Okay Pessoal" é o melhor remédio para insônia.