É a exploração máxima da paciência do telespectador, e sem subterfúgios: Geraldo disse que o “já-já” era para segurar a audiência.
Pode até ter segurado, mas anteontem acabou ouvindo o que não queria. Rafinha Bastos (foto), contratado da Rede Bandeirantes, onde lidera o talk show "Agora é Tarde", foi apresentado como um comediante que sofreu até processos por não ter papas na língua. Tudo seguia morno, com perguntas idiotas e brincadeiras idem, quando o quadro foi interrompido para uma homenagem ao estilo do “Arquivo confidencial”. Mostraram amigos de infância, o pai, a mãe, o irmão, e o rosto de Rafinha visivelmente emocionado num quadrinho na tela. Logo o som de um piano choroso foi ouvido. O convidado pediu para interromper a música. Teve a concordância de Geraldo, que disse que a trilha era sensacionalista. O comediante respondeu que o piano era o de menos, sensacionalista tinha sido tudo até aquele momento, e que isso não o perturbava porque ele sabia onde estava e que as coisas ali (no programa? na Record?) eram assim mesmo. Disse que estava emocionado, que amava o pai, a família, que agradecia à Record a homenagem, mas que não tinha aceito o convite para limpar sua barra (uma referência à sua imagem de garoto-problema). Acrescentou que não sabia do quadro e que, se soubesse, não teria permitido que fosse feito. Espantou-se porque mostraram a própria mulher e a irmã com o sobrinho recém-nascido. E, como o quadro parecia não ter fim, pediu para que não mostrassem o próprio filho, se a coisa fosse prosseguir.
E assim, de uma forma direta e simples, sem parecer confronto, resumiu, em público, o que o dominical é: sensacionalista, explorador da sensibilidade e da miséria humana. Pode parecer que Rafinha criticou apenas o programa. Mas não, criticou a si mesmo: mostrou que o garoto-problema, para sobreviver, faz concessões em busca, onde for, de audiência. E, inteligente, fez uma concessão fingindo que não fazia.
Na Record, as manhãs de domingo mudaram para pior.
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