O que as emissoras assinaram com o GfK ontem (14) foi um "memorando de entendimento", segundo nota oficial do próprio instituto publicada hoje em seu site, em inglês. Isso quer dizer que não existem mais pontos de discórdia entre os parceiros, mas o contrato definitivo só será assinado dentro de 20 dias.
Os primeiros resultados oficiais do GfK serão divulgados em janeiro de 2015. A grande novidade para o público será a divulgação de audiência em número de pessoas. Ou seja, o GfK informará que determinado programa, hipoteticamente, foi visto por 5 milhões de pessoas em São Paulo ou nas 15 maiores cidades do país, e não que teve 15 pontos em certa localidade. Ou seja, os alemães trarão para o Brasil a cultura internacional de mensuração de audiência.
Esse tipo de divulgação deverá atrair a Rede Globo para o GfK. Ainda fiel ao Ibope, a Globo se interessa por uma divulgação de audiência por telespectadores, e não por pontos. Nos últimos anos, a audiência da Globo em pontos só cai, mas, para seus dirigentes, isso não quer dizer que há menos gente vendo a emissora, porque a população cresceu e a há novas formas de se ver televisão (em celulares, computadores etc).
O GfK, no entanto, manterá a divulgação de dados de audiência em pontos, como faz o Ibope, porque essa é a cultura do mercado brasileiro. Mas seu painel em tempo real dirá às emissoras quantas pessoas estão vendo o programa, não quantos pontos ele tem.
Futebol em casa
Outra novidade na medição do GfK será a inclusão de visitantes de uma casa, até o limite de nove pessoas. Ou seja, se você faz parte da amostra do instituto e recebe amigos para ver uma partida de futebol, terá de informar ao peoplemeter (aparelho medidor) quantas pessoas estão vendo o jogo com você.
O GfK, no entanto, não medirá audiência em locais públicos, como bares.
A tecnologia do instituto capturará tudo o que for consumido pelo televisor (computadores e celulares não farão parte das medições iniciais). Programas gravados e vistos em plataformas de VOD (video on demand) também serão considerados na audiência. Será possível também saber quantas pessoas estão vendo conteúdo pela internet em televisores conectados, mas sem identificar o conteúdo. Programas gravados e assistidos meia hora depois serão agregados no relatório consolidado do dia seguinte.
O GfK promete uma medição mais robusta do que a do Ibope. Serão 6.000 domicílios e 16.000 mil aparelhos instalados, ou seja, uma média de quase três peoplemeteres por casa. O Ibope mede audiência em 4.500 residências no país. Em São Paulo, a medição será feita em 1.300 casas, quase o dobro do Ibope (750).
Momento histórico
Nos próximos dias, o GfK começa a montar a base estatística de sua medição. Serão 80 mil famílias nas 15 maiores regiões metropolitanas do país. Dessas 80 mil residências, sairão as 6.000 que comporão a base de medição.
As negociações entre as quatro redes e o GfK começaram há um ano. Do lado brasileiro, foi fundamental a intermediação do publicitário Fabio Wajngarten (foto acima), da empresa Controle da Concorrência. O interesse da Record foi decisivo, mas a empolgação de Amilcare Dalevo, presidente da Rede TV!, um entusiasta de tecnologia, também pesou muito.
A entrada do GfK no Brasil é um momento histórico para a televisão do país. Trata-se de um concorrente de fato ao Ibope, uma empresa que fatura 1,7 bilhão de euros por ano e emprega 13 mil pessoas. Não um aventureiro patrocinado por Silvio Santos.
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