Neste 16 de novembro de 2013, faz 30 anos que a chamada Nossa Senhora das 8 (que hoje seria das 9, vá lá) nos deixou. Seria mais preciso, no entanto, dizer que dona Janete tem 30 anos de sobrevida, visto que seus ensinamentos, estratégias, sutilezas e artimanhas sobrevivem em praticamente toda a produção da telenovela brasileira, mesmo depois que sua ausência física se fez presente.
Em maior ou menor grau, Janete se faz notar nas linhas de Gilberto Braga, de Manoel Carlos, de Benedito Ruy Barbosa, de Walther Negrão, de Silvio de Abreu, de Aguinaldo Silva, de Carlos Lombardi, de Lauro César Muniz, de Glória Perez - a quem foi dada a missão de terminar a novela "Eu Prometo", iniciada por Janete - e pontua o enredo de todos os profissionais que tenham a pretensão de escrever folhetins para a TV. Mesmo os autores mais recentes, como João Emanuel Carneiro, Filipe Miguez, Izabel de Oliveira, Cláudia Lage e João Ximenez Braga guardam dela alguma inspiração para os seus scripts.
Invenções e modernizações à parte, Janete Clair criava dentro da essência do folhetim, e desse DNA não há como escapar. Cercava a fórmula do melodrama de elementos capazes de despertar a identidade do telespectador, individualmente, a ponto de multiplicá-lo em proporções de comunicação de massa. Coisa de gênio.
Não é exagero dizer que a telenovela brasileira se divide entre antes e depois de Janete Clair. Alinhado a esse raciocínio está "Irmãos Coragem", um divisor de águas na história da hegemonia conquistada pela Rede Globo e, por consequência, da própria história das comunicações no Brasil. Foram os irmãos coragem, em busca de um diamante, no interior de Goiás, que protagonizaram a primeira produção de uma Globo em busca de uma embalagem requintada em suas novelas. E novela, como se sabe, foi produto fundamental na conquista da liderança de audiência exercida há décadas pela emissora.
"Irmãos Coragem" seria a primeira telenovela brasileira a contar com uma cidade cenográfica. Ganhou abertura e trilha sonora tratadas com atenção de superprodução. Mas nada dessa alegoria teria funcionado se a trama não se agarrasse ao vício do espectador. Vieram outras dezenas de enredos. O Brasil chorou a morte de Carlão (Francisco Cuoco) ao final de "Pecado Capital" (1975), com o drama de Simone (Regina Duarte) em "Selva de Pedra" (1972), e com o drama de André Cajarana em "Pai Herói" (1979).
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