Novo presidente da Fundação Padre Anchieta, Marcos
Mendonça assumiu ontem às voltas com uma crise financeira e um discurso
de corte de custos. Nessa realidade, admite até a reprise de programas
já exibidos pela TV paga.
"Nesse primeiro momento, temos de equacionar a situação financeira da
televisão", disse Mendonça ao blog. "Hoje a gente atravessa um momento
muito difícil".
O primeiro desafio será convencer o governo do Estado de São Paulo a
injetar mais R$ 25 milhões na Cultura para cobrir déficit. Sem esse
dinheiro, em setembro a emissora não terá mais recursos para pagar
funcionários e fornecedores.
A situação confronta a imagem de "gestor enxugador" de João Sayad,
ex-presidente da fundação. Sayad cortou programas, reduziu as produções e
demitiu funcionários.
Hoje a fundação tem cerca de 1.100 servidores celetistas,
praticamente o mesmo número de quando Sayad assumiu. Mas ele não
demitiu? Demitiu sim, porém eram quase todos autônomos e colaboradores
em regime de "pessoa jurídica", dos quais 130 foram recontratados como
celetistas. O corte, no total, ficou em torno de 500 colaboradores.
Sem demissões
Além do aporte orçamentário do governo, Mendonça quer equalizar as contas cortando gastos.
Mas diz que pretende fazer isso "sem precisar demitir", somente
revendo procedimentos e criando novas "estratégias econômicas"
(publicidade, apoio cultural, parcerias).
Dentro dessas estratégias, já estuda uma parceria com a ABPI-TV
(Associação Brasileira de Produtoras Independentes de TV). A parceria
poderá ter resultados em duas frentes.
Primeira: a produção de programas por produtoras independentes, com
recursos do Fundo Setorial (do governo federal, que banca 85% dos
custos). Tais produções seriam feitas dentro da Cultura, em seus
estúdios e com seus equipamentos, mas com funcionários das produtoras.
Segundo: a reprise de programas já exibidos pela TV por assinatura, produzidos para cumprimento de cotas nacionais de conteúdo.
Programação
Por enquanto, a única mudança de Mendonça na programação da TV Cultura será a volta do "Entrelinhas", encerrado em 2010 por João Sayad.
"Não tem sentido a TV Cultura não ter um programa para incentivar a leitura", defende.
Mendonça também tentará convencer o governador Geraldo Alckmin a
destinar recursos para que a TV Cultura possa investir em equipamentos.
Em seus planos está o lançamento de um quarto canal digital (hoje, além da Cultura, há o Univesp TV e o MultiCultura).
O perfil desse canal será definido por um comitê estratégico, mas Mendonça já dá pistas de que poderá ser voltado para a saúde.
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