Será que mercado brasileiro comporta financeiramente duas medições de audiência de TV? Esse é o questionamento do Ibope sobre a chegada da concorrência em sua área, a Nielsen, que se prepara para medir audiência televisiva no país em 2012.
O Ibope rompeu o silêncio sobre o assunto.
À Folha, a diretora comercial do instituto, Dora Câmara, disse que não é a primeira vez que um grupo resolve fazer frente à medição em vigor, propondo uma nova pesquisa de audiência. Lembrou-se do Datanexus, instituto financiado pelo SBT, que fechou meses após seu lançamento, em 2003.
"O mercado é aberto para livre concorrência, mas pesquisa é uma questão de confiança. É preciso ter um valor único para se basear", diz Dora. "E a Nielsen não tem medição de audiência em TV em tempo real", fala ela.
A Nielsen segue negociando com emissoras e agências de publicidade a implantação de um novo serviço de medição de audiência em TV aberta para o próximo ano. A empresa já apresentou o seu plano comercial para os futuros clientes.
A diretora do Ibope diz acreditar na transparência de suas pesquisas e nos investimentos para aumentar a amostra de medição de audiência no país. "Dizem que privilegiamos a Globo. Mas somos auditados pelo próprio mercado", explica ela. " E estamos sempre abertos a sugestões para o aprimoramento dos serviços."
Segundo ela, é compreensível que emissoras estejam torcendo pela chegada de um novo instituto. "Ver novos dados é tentador, mas não sei se o mercado tem fôlego para sustentar duas medições", fala ela. "Investir em pesquisas é oneroso e cada passo leva anos para ser implantado."
Dora confirma que, tempos atrás, a Nielsen chegou a fazer uma proposta milionária para comprar o Ibope. O instituto não aceitou.
Procurada, a Nielsen não quis se manifestar.
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