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domingo, 2 de outubro de 2011

"Pan e Olimpíadas na Record vão mexer com o mercado de forma inimaginável", diz Hilinsky

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Nem as redes Globo, Bandeirantes, nem TV fechada. Pela primeira vez, os Jogos Pan-Americanos - que têm início no próximo dia 14 - serão transmitidos com exclusividade na televisão brasileira pela Rede Record e por seu braço jornalístico, a Record News.
O Pan é o segundo passo do projeto olímpico da emissora paulista que, em 2010, transmitiu os Jogos de Inverno de Vancouver, e ainda detém os direitos exclusivos das Olimpíadas de Londres (2012) e não-exclusivos das Olimpíadas do Rio (2016), entre outros.
Pagando alto pelos grandes eventos esportivos do planeta e formando uma equipe de profissionais de ponta - muitos trazidos da Globo - a Record aposta no segmento como uma das estratégias para minar a hegemonia da maior concorrente nos próximos anos.
Para capitanear este time está Sérgio Hilinsky (foto acima), gerente de esportes da emissora desde 2009, quando saiu da Globo após 15 anos ocupando os principais cargos de chefia do esporte. Em entrevista exclusiva à IMPRENSA, ele fala sobre as expectativas para o Pan do México, seu papel na estruturação do departamento esportivo da Record, a disputa com a concorrente no início do ano pelo Brasileirão e a confiança no projeto de liderança da atual casa.

IMPRENSA - Como foi sua chegada à Record, depois de 15 anos de Globo?
Hilinsky - Trabalhei na Globo entre 1994 e 2009, onde tive vários cargos. Fui editor dos principais telejornais de lá, como o Jornal Nacional e o Globo Esporte, do qual fui editor-executivo e editor-chefe. Também fui editor-executivo do Esporte Espetacular. Em 2009, vim para Record dentro de um projeto desenvolvido pelo nosso hoje vice-presidente de jornalismo, Douglas Tavolaro, para criar uma estrutura e uma equipe que atendessem à demanda desses novos eventos esportivos que a casa vinha adquirindo.

IMPRENSA - Como foi a construção dessa equipe? Qual foi o critério para a escolha dos profissionais?
Hilinsky - Formamos uma equipe bem eclética, com gente da Globo, da Band, da Rede TV!, da Folha de S. Paulo, do Estadão, do Jornal da Tarde, do rádio. Um time de pessoas do esporte, focado na visão de levar a cobertura esportiva de forma bem leve para o público da Record. É um público que não está tão habituado com esporte, porque não há uma grande oferta. Então, nossa principal preocupação foi fazer com que o esporte fosse uma coisa simples, fácil para o espectador da Record, com uma programação de linguagem bem direta.

IMPRENSA - Como tem sido a resposta do público a essa estratégia?
Hilinsky - Tem dado certo. Iniciamos um programa esportivo em 2009, o Esporte Fantástico, que é uma revista semanal que começou a ser exibida aos domingos. Após pesquisas do nosso target, passamos para o sábado a uma hora da tarde, conseguindo bons resultados. Depois, alteramos novamente para as manhãs de sábado, horário em que víamos uma lacuna de oferta de conteúdo esportivo. Hoje, o programa vive seu melhor momento, beliscando inclusive o primeiro lugar por várias vezes, com uma audiência média de seis pontos, o que nos dá o segundo lugar isolado. Uma posição muito boa.

IMPRENSA - O investimento no esporte é o carro-chefe da emissora em seu projeto de liderança?
Hilinsky - A guerra por audiência é muito grande, são vários segmentos que fazem a audiência geral. Eu acredito que a oferta dos principais conteúdos esportivos é muito importante para se ter uma audiência maior. É uma estratégia muito interessante e inteligente. Mas, o esporte também é um investimento bem caro. Hoje, o grande segredo no segmento esportivo é ter a exclusividade. A Record está rumo à liderança, ela já é líder de audiência em alguns programas, e ter os melhores eventos esportivos colabora e muito para chegarmos ao primeiro colocado. Não tem como negar que ter uma Olimpíada e um Pan é uma coisa que vai mexer com o mercado e os números de forma inimaginável.

IMPRENSA -
A Record pagou caro pela exclusividade das transmissões. Estes eventos compensam comercialmente?
Hilinsky - Esta não é a minha área, mas eu tenho a informação de que são altíssimos os valores para você adquirir os direitos de exibição dessa propriedade. Nesse aspecto, a Record está indo de vento em popa, porque vendeu muito bem as cotas que colocou no mercado, tanto para o Pan, quanto especialmente pra Londres, em que houve uma condição muito boa. Está arrecadando muito dinheiro para fazer caixa.

IMPRENSA - O Pan de Guadalajara será um ensaio para as Olimpíadas de Londres?
Hilinsky - Eu acho que o grande ensaio foram os Jogos de Inverno [Vancouver, 2010]. Essa competição nunca havia sido mostrada para o Brasil na TV aberta, e a reposta foi ótima, tivemos números de audiência inacreditáveis, inimagináveis. Transmitimos 80 horas em 16 dias, sem ter compromisso de exibir programação ao vivo. Isso é um case da televisão esportiva. Já em Guadalajara, a competição em si tem limitações, tem menos países. Será um teste porque é uma mini-Olimpíada, mas o foco é diferente: o público está acostumado a ver esses esportes e também conquistamos muitas medalhas. Além disso, o Brasil vai com força total. No futebol, a seleção masculina [sub-20] acabou de ser campeã mundial, a seleção feminina vai com Marta e outras estrelas, em outros esportes também. A expectativa é de atingir resultados muito bons.

IMPRENSA - No que a Record está apostando para atrair a audiência no Pan?
Hilinsky - Tanto em Guadalajara, como no caso de Londres, vamos juntar os esforços do jornalismo com o esporte. Paulo Henrique Amorim estará na cobertura, assim como Ana Paula Padrão. Outros repórteres do jornalismo também estarão em Guadalajara: Adriana Araújo, Heloísa Villela, Luiz Carlos Azenha, Carlos Dorneles, Vinícius Dônola. No esporte, temos profissionais experimentados, como o Maurício [Torres], que tem experiência in loco de grandes eventos, a Mylena [Ciribelli] que tem uma imagem consagrada desde a época da Globo. São jornalistas experientes, que vão dar a credibilidade à cobertura. Eles estarão junto de nossos comentaristas, que são oito, todos eles ex-atletas campeões pan-americanos: Oscar Schimidt e Magic Paula, do basquete; Maurício e Virna, do vôlei; Robson Caetano, do atletismo; Fernando Scherer, da natação; Rogério Sampaio, do judô; e Luísa Parente, da ginástica artística. Todos estes foram trazidos por mim. O público da Record é na sua grande maioria classe C, que sente necessidade de se sentir em casa. A gente entende que um especialista catedrático em esportes tem o seu valor, mas o atleta consagrado fica mais próximo do público da Record.

IMPRENSA - A equipe para o Pan está fechada?
Hilinsky - Não está fechada. Nos próximos dias, vamos anunciar mais um nome, um comentarista de futebol. Estamos negociando com ex-jogadores.

IMPRENSA - Vocês esperam atingir a liderança da audiência durante a competição?
Hilinsky - Isso já vai acontecer, sim, e em Londres também acontecerá. A Record será campeã de audiência em vários horários, com grandes eventos exclusivos. Temos absoluta certeza disso. No Pan de 2015 (Toronto), tem uma particularidade: a Record tem os direitos mundiais. Qualquer emissora que queira transmitir o evento, vai ter que comprar da gente.
IMPRENSA
- Como estão os preparativos para Londres?
Hilinsky - Tem muita coisa já adiantada em relação a Londres, até porque em termos de eventos, quando Guadalajara acabar, estaremos a oito meses de Londres. Não tem muito tempo. Em Olimpíada, o prazo é muito grande, tem muitas obrigações do caderno de encargos que já estão cumpridas. Então, tudo já está muito adiantado.

IMPRENSA - O futebol continua sendo o esporte que dá mais audiência no País. Os direitos de transmissão da Copa do Mundo e do Campeonato Brasileiro ainda interessam à Record?
Hilinsky - A Record participou desse processo do novo período do Campeonato Brasileiro [triênio 2012-2014]. Nossa diretoria de aquisições foi atrás, pretendíamos apresentar uma proposta, mas, houve uma proposta paralela da concorrente. A Record fez tudo dentro da lei, negociou com o Clube dos 13. É curioso que embora a audiência média da concorrente tenha caído em 25%, as tabelas de preços das cotas publicitárias tenham subido assustadoramente. Sobre a Copa de 2014, os direitos já tinham sido vendidos para a concorrente, que comprou com exclusividade, mas naturalmente a Record vai fazer uso de seu direito de participar da compra das próximas concorrências. O plano da Record é conquistar o primeiro lugar, e nós vamos chegar lá.

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