A Rede Globo estreia hoje “Fina Estampa”, a substituta de “Insensato Coração”, escrita por Aguinaldo Silva e com Lilia Cabral, Christiane Torloni, Marcelo Serrado e Carolina Dieckmann, entre outros, nos principais papéis. É a grande atração da noite desta segunda-feira (22).
Aguinaldo Silva fala à coluna sobre o novo trabalho, e faz uma critica aos seus colegas: "Alguns autores estão reservando atores para novelas que sequer existem!”, entrega.Coluna: O que o telespectador pode esperar de “Fina Estampa”?
Aguinaldo Silva: Uma novela simples, direta, popular, um melodrama com pitadas de humor, solar, contado em cores vivas, e com tramas que falam de perto ao telespectador e o levam a se identificar de imediato com as personagens. Tentei criar um universo que eu diria "suprarrealista" no qual todos, enquanto vivem seus dramas, trabalham, estudam, lutam pela vida e têm objetivos, tal como acontece na vida real. Minha preocupação é escrever uma novela que, para o telespectador, poderia estar acontecendo "bem ali na esquina"... E que, na medida do possível, lhe pareça altamente positiva.
Coluna: O telespectador reclama que, já na primeira semana de exibição de algumas novelas, já é possível saber o que vai acontecer com os personagens. Os autores estão previsíveis?
Aguinaldo Silva: Acho que não. O telespectador brasileiro é que, pela força do hábito, acabou se transformando num especialista em ver e "ler" telenovelas. Talvez a solução esteja em não tentar enganá-lo com artifícios da dramaturgia, mas levá-lo a se tornar cúmplice do autor, dar a ele a impressão de que está ajudando a escrever as tramas.
Coluna: Até quando o gênero telenovela será o nosso principal produto de entretenimento?
Aguinaldo Silva: Até a telenovela deixar de ser o produto mais rentável da televisão brasileira, o único que não apenas se paga, mas dá lucro. Já se falou que a novela das 21 horas da Rede Globo é quem paga o salário de todo mundo. Não sei se é verdade, mas o fato é que a telenovela, por ser produzida e exibida a longo prazo, custa caro no começo, mas no final dá sempre o maior lucro. E assim, do ponto de vista financeiro das emissoras, se torna imprescindível.
Coluna: É verdade que a escalação de Marcelo Serrado foi uma “briga” (exigência) sua?
Aguinaldo Silva: Uma "briga", ou uma "exigência", talvez sejam palavras enfáticas demais. Digamos que eu insisti muito na escalação. Tive a intuição de que o ator, depois de ter sido um galã, tornou-se um ótimo criador de tipos e, na pele de Crodoaldo Valério, faria muito bem à minha novela. E quem já viu as cenas que ele gravou sabe que é isso que está acontecendo. De qualquer modo, em "Fina Estampa" eu tentei estar mais presente em todas as etapas da produção, em vez de apenas mandar o texto para a emissora e depois ficar em casa.
Coluna: Depois de "Fina Estampa", pretende continuar escrevendo novelas?
Aguinaldo Silva: É claro! Não só porque tenho um contrato com a Rede Globo que vai até 2014 e prevê isso, mas também porque eu adoro escrever novelas. Não o faço apenas para ganhar dinheiro, ou pelos meus belos olhos, mas porque escrever novelas e participar do circo todo que isso envolve é a minha vida!
Coluna: Alguns autores estão reservando elenco para novelas que só vão entrar no ar daqui 2 ou 3 anos. Como observa essa situação?
Aguinaldo Silva: Alguns autores estão reservando atores para novelas que sequer existem! Sou absolutamente contrário a essa política. Acho que importante é a novela da vez, a que vai estrear daqui a pouco, as outras são as outras. Além disso, quando um novelista pensa primeiro nos atores e só depois nas personagens e na sua história, bem, ou ele não é um dramaturgo, ou alguma coisa está errada.
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