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terça-feira, 7 de junho de 2011

Não existe ideia original em dramaturgia, diz Walcyr Carrasco

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Foi com elegância que o autor Walcyr Carrasco reagiu às insinuações do colega Aguinaldo Silva de que Dulce, personagem de Cassia Kiss Magro em "Morde & Assopra", seria uma cópia de Griselda Pereira, que Lilia Cabral interpretará em "Fina Estampa", próxima novela das nove da Rede Globo.
"Não existe ideia original em dramaturgia", defende Carrasco.
Em comum, Dulce e Griselda são mães batalhadoras, que dão um duro danado para que o filho que a rejeita possa estudar medicina. Dulce é faxineira em um hotel. Griselda trabalhará como marido de aluguel (consertará geladeira, fogão).
Aguinaldo Silva usou seu blog para cutucar, sutilmente, o autor da novela das sete. Publicou um texto em que lembra que Griselda "nasceu" em 9 de maio de 2009, antes, supostamente, de Dulce.
"É bom a gente ter um arquivo implacável, né, não? Eu tenho um. E foi nele que tratei de desencavar a primeira alusão, no Bloglog [portal que hospedava seu blog], a Griselda Pereira, a protagonista de "Fina Estampa": uma mulher que, por ser humilde, e exercer trabalhos braçais, é a vergonha de José Antenor, seu filho que, graças ao trabalho pesado dela, pode fazer um caríssimo curso de medicina numa faculdade particular e sonha em se tornar um cirurgião plástico", escreveu Silva no blog.
E continuou: "Foi no dia 5 de maio de 2009, enquanto se desenrolava a minha primeira master class [curso para roteiristas], diante de 19 pessoas, que eu falei pela primeira vez da história de Griselda e seu filho e do drama dos dois".
O R7 ouviu Walcyr Carrasco:

R7 -  É possível afirmar que existe ideia original em teledramaturgia, que alguém pode se arvorar de ter tido uma ideia antes que outra pessoa?

Walcyr Carrasco - Eu acho difícil alguém dizer que existe ideia original em dramaturgia e mesmo na literatura. As estruturas dramatúrgicas costumam ser semelhantes. Muda a maneira de contar. Quantas vezes você viu "Romeu e Julieta" contado de uma maneira diferente? Mas o detalhe é que ao escrever "Romeu e Julieta" Shakespeare se inspirou em outra história, "Os Amantes de Verona". Histórias de filhos que rejeitam as mães são marcas constantes em novelas. Por exemplo, em "Dona Xepa" [de 1977].

R7 - Quando foi que você pensou na Dulce?
Carrasco
- Ah, sempre! Essa história me marca muito, desde criança, quando assisti a um filme americano em que a filha rejeitava a mãe negra.

R7 - Você vai antecipar o término da trama envolvendo Dulce?
Carrasco
- Não. A trama de Dulce continua até o fim. Dulce é um personagem importante na minha história.

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