A novela "Ribeirão do Tempo", que termina amanhã, depois de quase um ano e 250 capítulos, foi um resumo do Brasil, na opinião de seu criador, Marcilio Moraes.
"Eu diria que "Ribeirão do Tempo" foi um Brasil resumido, um simulacro do Brasil, uma caricatura do país", disse Moraes ao blog.
O autor, no entanto, enfatiza que não procurou "recriar" o Brasil em "um microcosmo", mas usar o país, em seus aspectos políticos, sociais e econômicos, como inspiração.
Assim, a corrupção, a ganância empresarial e o folclore político foram representados.
Na trama, o filho de um senador matou o próprio pai para assumir seu cargo; aliado a um "lunático" esquerdista, elegeu um bêbado incurável prefeito e liderou um complô para assassinar o presidente da República. Pura ironia, o presidente foi morto com pinga envenenada.
Politicamente incorreto
Segundo Moraes, era justamente essa faceta política que mais o amedrontava no início. "Eu tinha um certo temor. Pensava: 'Será que vai dar certo?'. A novela tinha muita ironia, ironizava a esquerda brasileira", conta.
A morte do presidente e a criação de uma fictícia Lei Úmida, foram exemplares do escracho nacional.
"Trabalhei no sentido de ir contra o politicamente correto", lembra o autor. "Na Globo eu não conseguiria fazer essa novela. Eles não deixariam o presidente morrer de cachaça envenenada", compara.
Para compensar o risco da rejeição à política e da dificuldade do público em captar a ironia (o que exige certo repertório), Moraes apostou em "tramas tradicionais".
Mas nem tanto. O mocinho, Joca (Caio Junqueira), não à toa foi chamado o tempo todo de "boboca". E a mocinha, Arminda (Bianca Rinaldi), era malvada no começo.
Audiência razoável
Na avaliação de Moraes, "Ribeirão do Tempo" teve uma audiência apenas "razoável" - média de 11,4 pontos em São Paulo e 15,2 no Rio de Janeiro. "Não foi um estouro, mas também não foi um fracasso", afirma.
"Acho que 'Ribeirão do Tempo' teve uma audiência mais qualificada. Recebi muitas mensagens de um público que não era o da Record".
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