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sábado, 8 de janeiro de 2011

TV Cultura deveria fazer infantis e comprar o resto, diz Secretário de Cultura

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O empresário Andrea Matarazzo chegou à secretaria de Estado da Cultura, em maio do ano passado, para cumprir um final de mandato. Chegou como quem tateia em terreno pouco conhecido.
Oito meses passados e confirmada sua permanência no cargo, Matarazzo fala como quem, ao tomar pé de algumas coisas, não gostou muito do que viu. Na entrevista a seguir, ele revela alguns de seus alvos. 

Folha - O senhor já declarou sua insatisfação com o MIS. Pretende mudar sua gestão?
Andrea Matarazzo -
Não, mas pedi um novo plano para a atual gestão. O MIS deve manter a posição de vanguarda das novas mídias, mas precisa ampliar seu público. Não dá para receber 60 mil pessoas por ano. Ele precisa fazer um trabalho educativo e ampliar o acervo. 

As obras do Teatro da Dança (projeto orçado em R$ 600 milhões) serão suspensas?
O projeto será analisado dentro do conjunto de investimentos do Estado. Como ele está modulado em três fases, vamos redefinir quando cada etapa vai começar. 

A política cultural do PSDB, em SP, tem como marca a construção de grandes obras. Qual é, a seu ver, o principal papel do Estado na cultura?
Oferecer cultura de qualidade a quem não tem acesso. Estamos fazendo a infraestrutura. As oficinas culturais também são fundamentais. 

Quando o senhor assumiu, houve uma crise nas Oficinas.
Mas elas foram reformuladas e estão indo em outra direção. O conteúdo dos cursos foi atualizado, com a inclusão, por exemplo, de atividades voltadas ao ensino de novas mídias e tecnologias. 

O contrato com a OS que cuidava das oficinas foi desfeito?
Foi. E nós estamos criando, na Secretaria, uma controladoria para avaliar todas as Organizações Sociais que prestam serviço para o Estado. Quero que a prestação de contas seja mais precisa e que melhorem os indicadores de avaliação. 

Ao assumir, o senhor não parecia muito certo de que a OS era o melhor meio para se administrar a cultura. Qual é agora sua posição?
A OS nos dá agilidade administrativa e a possibilidade de fiscalizar as políticas públicas. São irreversíveis. 

Vindo de outras áreas da administração pública, o que mais o surpreendeu na cultura? Seu antecessor, João Sayad, ficou impressionado com a fragilidade financeira.
Não, acho que, nos últimos anos, houve uma grande mudança na visão dos governos sobre política cultural. Nosso orçamento é de R$ 1 bilhão, incluindo a Fundação Padre Anchieta (mantenedora da TV Cultura). Me surpreendi com a qualidade da produção cultural, a criatividade dos artistas. A quantidade de criatividade em São Paulo é muito grande. 

É difícil atender às demandas dos artistas?
As demandas são muito razoáveis. E estou muito acostumado a conviver com esse meio porque eu praticamente morava com meu tio, o Ciccillo [Matarazzo, fundador da Bienal de SP]. Ele não tinha filhos e eu ia almoçar com ele todos os dias. Coisa de família italiana. 

O que o senhor acha do projeto de reforma da Lei Rouanet?
Tenho que falar a verdade para você. Nunca olhei em detalhes o projeto. 

A TV Cultura está passando por nova crise. O senhor pretende fazer alguma coisa?
Não. A Fundação Padre Anchieta é independente e quem delibera é o conselho. Só repasso o dinheiro. 

Mas, em outros momentos, a secretaria fez pressões por mudanças na TV...
Não na minha gestão. Até porque quem está lá é o meu antecessor aqui [João Sayad]. 

O que o senhor acha da TV?
*Minha opinião pessoal é que, por ser uma TV pública, a Cultura deveria estimular a produção independente, comprando programas de terceiros. Também deveria comprar programas prontos de canais como o The History Chanel ou a Futura, para torná-los acessíveis a quem não tem TV a cabo. A Cultura é referência em produção infantil. Deveria se manter nisso e comprar o resto. Mas isso é uma opinião pessoal porque, como disse, não tenho ingerência nenhuma sobre a TV.

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