Quem assiste ao bom telejornalismo feito pelos funcionários da TV Sergipe sequer imagina o drama que estão vivendo os profissionais da TV do deputado federal Albano Franco (PSDB), depois que a emissora passou a funcionar numa espécie de intervenção, cujo sentido não é explicado aos trabalhadores. Sob a batuta de um cidadão conhecido como Paulo Siqueira, atualmente diretor superintendente da emissora, os funcionários que conseguiram escapar das demissões que pairam na TV trabalham intranquilos. "É clima de terrorismo mesmo na TV de Albano Franco", sustenta Fernando Cabral, presidente do Sindicado dos Radialistas de Sergipe. Nas contas do sindicato, cerca de 18 profissionais já foram demitidos até o momento. "E há uma lista com mais 30 nomes", diz Cabral.
Os funcionários da TV Sergipe sabem que a qualquer momento, e sem motivo aparente, qualquer um pode crescer a fila de desempregados - ainda que tenha a chamada imunidade sindical, como foi o caso do radialista Jorge Eduardo Araújo, demitido depois de mais de 20 anos de serviços prestados. "Ele me demitiu no dia 21 de julho. Não recebi um centavo, porque tenho imunidade e o caso foi parar na Justiça", explica Jorge Eduardo. Na manhã de hoje, Fernando Cabral, levou o problema à tribuna da Câmara Municipal de Aracaju.
O presidente solicitou o apoio dos parlamentares externando sua preocupação e repúdio às demissões dos trabalhadores - inclusive dos sindicalistas Jorge Eduardo Araújo e Sérgio Souza, que por lei estariam imunes às demissões. "Colegas com mais de 30 anos de serviços prestados à filial da Rede Globo em Sergipe, foram demitidos por um senhor chamado Paulo Siqueira, que aqui chegou de pára-quedas com o intuito de ajustar a televisão. É inadmissível que aceitemos essa forma arbitrária com que nossos colegas foram demitidos. A ação foi debatida no 3º Congresso Mundial da UNI Global, em Nagasaki, no Japão, que exigiu a imediata reintegração dos funcionários aos seus cargos", disse Fernando Cabral, ao site da CMA.
Temendo retaliação, jornalistas e radialistas da TV Sergipe evitam comentar o assunto abertamente. Mas, para se ter uma ideia de como é a convivência com o interventor, de acordo com Jorge Eduardo, o senhor Paulo Siqueira sequer dirige um bom dia aos funcionários. "E ninguém pode se dirigir a ele. Nem por e-mail. Ele só tem contato com os diretores, e quer ser chamado de doutor", revela. O péssimo clima estaria, inclusive, desmotivando a diretora de jornalismo da TV, Lígia Tricot, a permanecer em Sergipe, após o encerramento do seu contrato. As informações são escassas. Mas, de acordo com funcionários da TV, a ideia de uma intervenção teria partido dos proprietários.
"Não foi a Globo quem mandou ele (Paulo) para cá, não. Foram os donos que solicitaram a intervenção. Agora, não sei o objetivo. No Piauí, ele (Paulo) fez um estrago: demitiu cerca de 60", disse Jorge Eduardo, observando que Albano Franco detém 50% do patrimônio e a viúva do seu irmão, César Franco, dona Lourdes Franco, detém a outra metade. Universo Político.com tentou ouvir o senhor Paulo Siqueira. O internauta imagina o resultado? "Nada a declarar", disse através da sua secretária.
Paulo Siqueira
Da redação Universo Político.com/Joedson Telles
O Sindicato dos Radialistas está divulgando uma moção de repúdio contra a Globo/TV Sergipe. O documento foi aprovado no Congresso da UNI GLOBAL, no Japão.
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