A partir de 17 de janeiro, quando estreia "Insensato Coração", o telespectador verá um inédito diálogo entre dois gêneros, a telenovela e o reality show.
Na novela das oito da Rede Globo, assistirá à luta de uma ex-participante de reality show para manter a fama. Em seguida, em "Big Brother Brasil 11", testemunhará a corrida pelos candidatos a famosos da temporada.
Na trama de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, Deborah Secco interpretará uma Fanny da vida. Natalie, sua personagem, será uma pós-Darlene (de Celebridade, em 2004, que buscava a fama a qualquer custo), uma ex-participante de reality show profissional, que vive disso.
Segundo Ricardo Linhares, não haverá menção explícita a nenhum reality show. Mas será um programa de confinamento, como "BBB", do qual, aliás, Deborah Secco já participou, como curiosa e fã. "O programa do qual ela participou é fictício. Foi do tipo confinamento, mas não fazemos referência a nenhum reality existente. Não está previsto flashback", conta o autor.
De acordo com Linhares, Natalie nasceu Natalie Batista e inventou o nome artístico de Natalie Lamour. Sua família é simples: a mãe Haidê (Rosi Campos) é faxineira; o irmão, Douglas (Ricardo Tozzi), está desempregado.
"Natalie é provedora da casa. Ela tirou terceiro lugar [no reality show], mas foi eleita musa da edição, por conta da beleza. Foi o que bastou para virar celebridade instantânea na época do programa, há três anos. Fez comerciais, participou de diversas atrações, posou nua duas vezes. Com esse dinheiro, comprou casa própria, trocando a favela do Vidigal pelo bairro do Horto [no Rio de Janeiro]. E depois caiu no ostracismo", revela Linhares.
"A história acompanha a tentativa de Natalie de voltar aos holofotes. É um dos núcleos cômicos da novela. Para se 'manter na mídia', ela se mete em grandes confusões", adianta.
Linhares afirma que a intenção não é criticar a pequena indústria de subcelebridades instantâneas que se confunde com os reality shows:
"A intenção da trama não é criticar nem enaltecer os participantes de reality show, mas abordar um tema contemporâneo. O gênero tem evoluído ao longo dos anos e já formou plateia cativa. Não é uma onda passageira, como foi cogitado no início; ele veio para ficar, como os programas de auditório, por exemplo, que atravessam décadas, modificando-se e sofrendo atualizações, mas sem mudar a essência. Há uma geração criada assistindo a esse tipo de programa, e que sonha em participar dele. Muitos, inclusive, encaram a oportunidade como meio de ascensão social. Ex-participante de reality show já virou uma espécie de, digamos, 'categoria profissional'. É aí que Natalie se encaixa".
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