Deu na coluna Brasil da Folha de S. Paulo que a quebra do sigilo telefônico do delegado Protógenes Queiroz provou que foi ele mesmo quem telefonou para a reportagem da TV Globo para acertar a filmagem da prisão do ex-prefeito Celso Pitta, do investidor Naji Nahas e do banqueiro Daniel Dantas, na madrugada do dia 8 de julho do ano passado, na Operação Satiagraha. Além de provar o vazamento de informações, a investigação do delegado corregedor Amaro Vieira também sustenta que uma equipe da TV Globo de São Paulo foi usada por Protógenes para prestar um serviço tipicamente policial na operação: a emissora filmou, a pedido de Protógenes, o flagrante no restaurante El Tranvia, em junho, em que o delegado Victor Hugo Alves Ferreira recebeu R$ 50 mil dos empresários Hugo Chicaroni e Humberto Brás para tentar evitar o aprofundamento das investigações em cima de Dantas.
Informada sobre os detalhes da investigação de Amaro Vieira, a Central Globo de Comunicação disse ao Estado, por e-mail, que a emissora não se pronunciaria sobre o assunto.
O relatório de 88 páginas do delegado detalha como foi a colaboração da TV Globo com Protógenes. Na ânsia de trabalhar sempre fora do controle dos diretores da PF, o delegado "se encarregou de providenciar uma equipe para realizar a filmagem do encontro" no El Tranvia. Os extratos telefônicos de Protógenes mostram que no dia da gravação ele fez pelo menos 22 telefonemas ou tentativas de ligação para o cinegrafista da Globo Robinson Cerantula, a fim de fazer os acertos da filmagens.
O cinegrafista, segundo o relatório da PF, foi orientado pelo agente federal Amadeu Ranieri Bellomusto sobre a melhor maneira para gravar o encontro no restaurante.
As imagens usadas pela PF abasteceram depois o noticiário e foram apresentadas como "um trabalho policial". A íntegra do trabalho da Globo foi encontrado em um pen drive que estava entre os objetos de Protógenes apreendidos na busca realizada pela corregedoria da PF no Hotel Shelton,
A relação Protógenes-TV Globo também ficou evidenciada pelo extrato das ligações telefônicas do dia 8 de julho, quando as equipes da PF saíram às ruas para efetuar as prisões da Operação Satiagraha. O delegado fez pelo menos sete ligações para o jornalista Cesar Tralli, quando as equipes da Globo se postavam para filmar as prisões de Pitta e Naji Nahas.
Não se pode nunca misturar credibilidade jornalística com ações policiais. De qualquer forma, também não se pode desviar o foco das coisas. Ali foi filmado uma ação irregular de pessoas envolvidas com várias irregularidades. Não se pode desviar o foco, só porque foi armado um esquema para uma emissora de TV filmar tudo. A princípio, penso que usaram a Globo, mas poderiam terem usado as próprias câmeras da PF.
A Globo, na vontade de dar um furo, se sujeitou a essa situação, mas não entendo onde houve a irregularidade. Se alguém puder me explicar. Entendo sim que os errados foi quem foi pagar propina nas imagens do encontro..
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